Escolha de Miss e Mister Indígena 2023 fecha o 2º Festival de Cultura Indígena
O evento integra o calendário oficial comemorativo pelos 124 anos de Campo Grande.
A segunda e última noite do Festival de Cultura Indígena, promovido pela Prefeitura de Campo Grande por meio da Subsecretaria Municipal de Defesa dos Direitos Humanos (SDHU), foi marcada pela celebração da beleza dos povos originários com a realização do Concurso Miss e Mister Indígena 2023. O evento integra o calendário oficial comemorativo pelos 124 anos de Campo Grande.
Realizado na Praça do Rádio Clube, o festival, que chega a sua 2ª edição, busca honrar as tradições e a rica herança indígena, além de proporcionar representatividade e um espaço de reflexão sobre a importância da preservação das culturas originárias e dos direitos humanos.
“Esse é um evento que queremos que se torne tradição. São 24 comunidades indígenas na nossa capital e nós, enquanto administração municipal, queremos ouvi-los e trabalhar juntos pela preservação e difusão da cultura dos povos originários e que, cada vez mais, consigamos viver em harmonia”, declarou a prefeita Adriane Lopes.
Ansiedade por parte dos candidatos e muita animação na torcida. Ao todo, 13 rapazes e 23 moças concorreram aos tão cobiçados títulos. Entre os postulantes a mister, estava Wedyn Santos Pereira (24), da etnia terena. O jovem que está no último semestre do curso de audiovisual da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) é surdo e falou de representatividade e da emoção em participar do concurso.
“Eu estou muito emocionado pois sou o primeiro surdo a desfilar na história do mister e o único nesta edição. Além do mais, tem a questão das pessoas olharem e me verem de pele branca e não saberem que sou indígena. Eu gostaria muito de ganhar mas, do ponto de vista da representatividade, minha participação tem um grande significado para mim e para outros que virão”.
Na plateia, Ivete Santos da Mata (42), mãe de Wedyn, era puro orgulho. Ela acompanhou todos os detalhes antes do início das apresentações e tão logo, correu para a beira do palco para acompanhar bem de perto ao desfile do filho.
“Ele adora participar das festas indígenas e hoje é um dia muito especial para ele. Teve bastante apoio para que isso acontecesse, ele tá acompanhado pela Chris (Christiane Medeiros, intérprete de Libras da SDHU), algo muito importante para a comunicação e o entendimento dele sobre tudo que está acontecendo e esse sentimento não tem explicação. Estamos muito gratos por poder vivenciar tudo isso”, disse Ivete.
Maria Relinda Euzébio (56), cacique da Comunidade Dalva de Oliveira, elogiou a festa e lembrou do progresso e do quanto ainda precisamos avançar com relação às questões indígenas. “A festa está linda. É a primeira vez que participo e me sinto muito feliz em estar aqui reunida com meu povo. Há não muito tempo atrás, quase não tínhamos eventos para mostrar nosso trabalho e a nossa arte, hoje já conquistamos esse espaço. É muito bom ver tudo isso acontecendo e sabemos que podemos mais e precisamos de mais, e com a graça de Deus, vamos alcançar”, declarou a líder.
A festa acontece na semana em que se comemora o Dia Internacional dos Povos Indígenas, 09 de agosto, data criada pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 1994, como forma de homenagear e reconhecer a importância dos povos originários e como ferramenta de conscientização sobre a necessidade de avanços com relação à inclusão e garantia dos direitos dos povos indígenas.
“Hoje é o Dia Nacional dos Direitos Humanos, e a gente sabe da importância dessa data, e nessa noite estamos celebrando a garantia do direito ao respeito, à cultura, ao fortalecimento das tradições, ao resgate histórico, o direito dos povos indígenas de serem e continuarem existindo com sua cultura e tradições”, salientou a subsecretária de Defesa dos Direitos Humanos, Thais Helena.
Todos os candidatos desfilaram em trajes casuais e vestimentas típicas indígenas. Após as apresentações, coube ao juri composto pela antropóloga, Priscila de Santana, a produtora cultural, Fernanda Teixeira e a Defensora Pública, Thaisa Raquel Defante, apontar os novos miss e mister indígena 2023 de Campo Grande.
Com votação bastante apertada, Gino Jorge Vieira, da Comunidade Darcy Ribeiro, foi escolhido como o Mister Simpatia. Já a faixa de Mister Indígena 2023 ficou com Vagner Marcos, da Comunidade Paravá.
“Muito feliz por conquistar o título e poder representar, não só a minha comunidade mas o nosso povo como um todo”, disse Vagner.
A disputa pela tão sonhada faixa de miss também não foi fácil. Após uma segunda avaliação solicitada pelas juradas, Lauriete de Oliveira, da Comunidade Nova Canaã foi eleita a Miss Simpatia e o título de Miss Indígena 2023 ficou com Juliane Moreira, da Comunidade Água Funda.
“Muito orgulhosa de ter sido escolhida, por poder representar minha aldeia e ser miss da nossa cidade. Dia 30 eu faço 17 anos e não podia haver presente melhor”, comemorou Juliane.