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Tensão e confrontos marcam disputa por terras indígenas em Antônio João

Morte de indígena, presença da polícia e da Força Nacional intensificam o clima de insegurança na região

20 set 2024 às 09h00 | Danielle Duarte

A cidade de Antônio João, localizada a 281 quilômetros de Campo Grande, vive um momento de alta tensão após a morte de um indígena Guarani Kaiowá em confronto com a Polícia Militar. O caso, ocorrido na última quarta-feira (18), reacendeu o conflito por terras na região e colocou em evidência a disputa entre indígenas e fazendeiros.

A morte do indígena, Neri da Silva, de 22 anos, aconteceu durante uma tentativa de ocupação da Fazenda Barra, uma área homologada como terra indígena desde 2002. A propriedade é alvo de disputa judicial há anos, com a família proprietária alegando ameaças de invasão e os indígenas reivindicando o direito à terra.

Presença policial e militarizada

A região da Fazenda Barra está sob forte vigilância policial. Viaturas da Polícia Militar, incluindo o Batalhão Rural e Choque, além de equipes da Força Nacional, estão acampadas nas proximidades. A estrada que dá acesso à fazenda está bloqueada com árvores derrubadas, demonstrando o clima de tensão e a dificuldade de acesso à área.

A ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, está prevista para visitar a região no próximo domingo (22), em uma tentativa de mediar o conflito e buscar uma solução pacífica para a disputa territorial.

Histórico do conflito

A Fazenda Barra, de propriedade de Pio Queiroz da Silva e Roseli Maria Ruiz, é alvo de uma ação judicial movida pela família indígena Guarani Kaiowá há um ano. A filha do casal, Luana Ruiz, advogada e integrante do governo de Mato Grosso do Sul, representa os interesses da família na disputa.

A terra indígena Ñande Ru Marangatu foi homologada em 2005, mas a demarcação foi suspensa pelo Supremo Tribunal Federal. A família proprietária da fazenda alega ameaças de invasão e busca na Justiça a manutenção da posse da propriedade.

Conexão com outros crimes

O indígena Neri da Silva, morto no confronto, tinha passagens pela polícia. Ele estava envolvido no latrocínio de um professor em 2015 e cumpria medida socioeducativa na época. Essa informação, no entanto, não justifica o uso da força letal contra o jovem.

Impactos e desafios

A morte do indígena e a intensificação do conflito em Antônio João levantam diversas questões sobre a política indigenista no Brasil, a violência no campo e a efetividade das ações do Estado para garantir os direitos dos povos indígenas.

É fundamental que as autoridades competentes atuem de forma rápida e eficaz para garantir a segurança de todos os envolvidos, promover o diálogo entre as partes e encontrar uma solução justa e duradoura para o conflito. A visita da ministra Sonia Guajajara representa uma oportunidade para avançar nesse sentido e buscar uma saída pacífica para a disputa pela terra.