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47 anos de Mato Grosso do Sul: o que mudou no cenário do agro com a divisão dos estados

Produções ganharam força e alavancaram a economia de MS

11 out 2024 às 14h30 | Douglas Duarte

Créditos: Famasul

Mais de quatro décadas se passaram desde a criação de Mato Grosso do Sul. O que antes era um território com vocação predominantemente para a bovinocultura e a soja, hoje é um estado que se destaca pela diversidade produtiva e pela inovação no agronegócio.

No aniversário de 47 anos de MS, o Sistema Famasul apresenta novas atividades incorporadas nesse processo e celebra o crescimento de um dos maiores produtores de grãos, carnes e produtos florestais, que contribui para alimentar o Brasil e o mundo.

Novas atividades pecuárias do Mato Grosso do Sul

A bovinocultura de corte continua sendo um pilar fundamental da economia agropecuária de Mato Grosso do Sul, com uma produção mais intensiva e sustentável, aplicando práticas que demostram a eficiência do uso da terra, como a implementação da Integração Lavoura Pecuária e Floresta – ILPF, gestão das pastagens e uso de tecnologias para melhoramento genético.

Setores como a suinocultura, piscicultura e avicultura têm ganhado cada vez mais espaço. “A motivação está ligada principalmente ao clima favorável, a disponibilidade de áreas adequadas para a produção intensiva, assim como as características do solo que contribuem para o crescimento dessas cadeias. Neste período, houve uma busca por diversificação da produção agropecuária, devido a demanda por proteínas alternativas no mercado interno e externo, além de políticas públicas estaduais que incentivam essas atividades”, destaca Fernanda Oliveira, consultora técnica do Sistema Famasul.

Os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que o estado ocupa a quarta posição em produção de carne bovina, crescendo 43,7%, o volume de carne produzida. As proteínas de frango e suína registraram desempenho ainda mais positivo com aumento de 76,1% e 559,1%, respectivamente, nos 26 anos de acompanhamento.

No caso da suinocultura, o produtor rural Renato Leandro Spera, da cidade de Dourados é um dos que entrou no setor e fortaleceu a atividade no estado. Ele explica que no começo trabalhava como representante comercial para uma grande empresa de alimentos e com isso conheceu a suinocultura. Em 2010, após sair dessa empresa, decidiu construir sua granja em um sítio no município de Jateí.

Suinocultor há 14 anos, Renato explica que conheceu a suinocultura dos principais estados do Brasil, mas que nenhum se compara com o crescimento da produção no MS. “Aqui estamos um passo à frente”.  Essa situação, segundo o produtor, se dá em relação aos incentivos de programas do governo, cooperativas e diversos estudos voltados para o crescimento da suinocultura moderna.

Outro destaque atual para a suinocultura é que o estado possui o 6º maior rebanho de matrizes do Brasil, com mais de 113 mil matrizes. Isso demonstra que Mato Grosso do Sul está consolidado como um importante polo de produção de suínos no país, refletindo a capacidade de atender às demandas de mercados internos e externos. Além disso, o reconhecimento do estado como área livre de febre aftosa sem vacinação é um diferencial sanitário que aumenta a credibilidade da produção, facilita o acesso a mercados internacionais mais exigentes e valoriza ainda mais os produtos suínos no mercado global.

Desde 2013, a produção de peixes no estado cresceu consideravelmente, sendo 827,1% nos últimos dez anos. A principal espécie trabalhada é a tilápia, que responde por 97,5% dessa produção.

Melina Barcelos, analista técnica do Sistema Famasul, pontua que “a escolha da tilápia como a principal espécie cultivada no estado se deve a diversos fatores, que inclui rápida taxa de crescimento, adaptabilidade e resistência a doenças, além de ser uma espécie amplamente pesquisada e com programa de melhoramento genético. Outro ponto é que o estado de Mato Grosso do Sul possui clima e condições favoráveis para a produção de tilápia e abundância em recursos hídricos, como rios e reservatórios, e políticas públicas com incentivos e desburocratização para o licenciamento ambiental.”

Impactos no mercado e na economia local

Quem também não existia há 47 anos era o setor florestal voltado para a celulose. A presença de empresas multinacionais e três fábricas de papel e celulose impulsionaram a evolução de todo o setor. Em 2023, MS ocupou a terceira posição no ranking nacional na produção de madeira para celulose e o segundo lugar na área de eucalipto.

A consultora técnica do Sistema Famasul, Eliamar José, explica que o crescimento do setor, contribui para a geração de emprego. “O desenvolvimento do setor gera oportunidades. Hoje a produção florestal e suas atividades de apoio são responsáveis pela ocupação de mais de 14 mil pessoas, representando 15% do pessoal ocupado na agropecuária. Uma realidade muito diferente há 15 anos, quando o número de empregos no setor era 3.720 pessoas, pouco mais de 6% da agropecuária.”

O desenvolvimento da atividade florestal aliado à necessidade de práticas sustentáveis de produção estimulou o uso do sistema de Integração Lavoura Pecuária e Floresta (ILPF). Atualmente, o estado se destaca em âmbito nacional e, com 3,1 milhões de hectares destinados à cultura, ocupa o primeiro lugar no ranking nacional de produção de celulose.

Inovação e Sustentabilidade no MS

A produção de grãos também teve um crescimento exponencial. Na divisão do estado a safra 1977/1978 respondia por 2,6% da produção brasileira, ocupando o 9º lugar no ranking nacional. Na safra 2022/2023, o estado garantiu o 5º lugar na produção nacional de grãos, passando de um milhão de toneladas para 29 milhões.

Essa evolução impulsionou o desenvolvimento de outras cadeias produtivas, como a produção de etanol, não apenas de cana-de-açúcar, como também de milho. Com volume de 3,8 bilhões de litros de etanol na safra de 2023/2024, segundo a Conab, o estado ocupa o 4º lugar no ranking brasileiro de produção de etanol total. Atualmente, o produto que é um combustível renovável, é um dos colaboradores para que o estado seja o primeiro a alcançar o status de primeiro Estado Carbono Neutro até 2030.